segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Eu vi meus Gerais VII: Circuito Guimarães Rosa - ESTAÇÃO CORDISBURGO


Aquele carro parara na linha de resguardo, desde a véspera, tinha vindo com o expresso do Rio, e estava lá, no desvio de dentro, na esplanada da estação. Não era um vagão comum de passageiros, de primeira, só que mais vistoso, todo novo. A gente reparando, notava as diferenças. Assim repartido em dois, num dos cômodos as janelas sendo de grades, feito as de cadeia, para os presos. A gente sabia que, com pouco, ele ia rodar de volta, atrelado ao expresso daí de baixo, fazendo parte da composição. Ia servir para levar duas mulheres, para longe, para sempre. O trem do sertão passava às 12h45m.


(João Guimarães Rosa, "Sorôco, sua mãe, sua filha", in: Primeiras Estórias)




Inaugurada em 1904, a estação de Cordisburgo "É a porta de entrada para a Gruta de Maquiné. Está bem, assim, porque a FCA [Ferrovia Centro-Atlântica, concessionária do transporte de cargas] mantem lá uma turma de manutenção e também porque houve alguma vontade política do municipio em conservar o patrimônio. Um outro edificio, possivelmente um armazém, também foi reformado. A mesma sorte não tiveram a casa do agente, invadida, seis ou sete casas de turma, abandonadas e mais um prédio com um pé direito enorme. Está com as portas e janelas arrancadas" (Gutierrez L. Coelho, 2003). "A FCA usa o espaço da estação, mas não cuida do prédio. Há sinais de depredação no prédio da estação e nos demais da antiga EFCB naquela área. A Turma do Km 743 foi totalmente depredada. Restam só paredes daquilo que foram residências de trabalhadores que cuidavam da linha. As operadoras modernas alegam que não precisam mais desse tipo de trabalhador. As linhas, antes tão limpas e asseadas, hoje estão tomadas pelo mato e lixo. O que interessa é o trem circular, nada mais. O povo é que se cuide com a dengue, baratas e ratos provenientes da área da linha. Notem que a FCA faz muita propaganda sobre programas de gerenciamento e otimização das operações, mas desperdiça material caro. O material que antes a RFFSA e EFCB guardava em almoxarifados, hoje é largado na beira da linha. Notem as placas de apoio e sacos com pregos de linha abandonados no pátio" (Pedro Paulo Rezende, 20/1/2009).

(Fontes: Gutierrez L. Coelho, 2003; Pedro Paulo Rezende, 2009; Wanderley Duck; Max Vasconcellos: Vias Brasileiras de Comunicação, 1928; Revista Brasileira de Geografia, jul-set 1941)

Texto extraído do site:




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